Em uma época onde a imagem se sobrepõe ao texto e onde a atual geração
exibe seu próprio retrato em diversas timelines,
Pedrinho Fonseca, um publicitário de 37 anos, cria um projeto chamado Loja de
Histórias, um site para o qual as pessoas enviam fotos (sem autorretratos ou
gatos, por favor) e esperam que o criador dê origem a um texto ficcional sobre
elas. Segundo Pedrinho, a ideia de criar a “Loja” surgiu a partir de um pedido
dele aos amigos, que estes compartilhassem alguns momentos em imagens a fim de
que ele criasse alguma ficção sobre aquilo. O site, que não possui nenhum fim
lucrativo, é atualizado diariamente e já acumula, em sua fanpage no Facebook,
mais de oito mil curtidores.
O escritor recebe em média oitenta e-mails por dia, uma média de 20 fotos
(mas diz que já chegou a receber 300, após uma entrevista) e o restante de
conversas e trocas de ideias; e fala que o maior legado do projeto foi para a
vida pessoal, e não para a carreira dele. “Há muita gente bacana, a fim de
dialogar. A Loja de Histórias, para mim, funcionou com uma mesa de bar. Saúde.”,
fala. Ele dedica uma hora do seu dia à manutenção do site e da rede social,
assim como escreve um conto diariamente. O processo criativo das histórias
ficcionais, segundo Pedro, é algo similar à ampliação de uma foto: não há nada
até que algo se constrói sobre o espaço vazio e ali surge um momento que
dificilmente se repetirá.
O site não é o primeiro trabalho na carreira de Pedrinho na área da
Literatura. O publicitário já trabalhou com alguns documentários, curtas e
colaborou com outras revistas e sites. Além disso, um de seus antigos blogs, o
“Língua do P.”, foi transformado em livro em 2007, e teve um processo atípico
de criação. Tendo o blog desde 2004, ele pediu a alguns amigos que marcassem os
melhores textos do blog e, depois de “enxutar” a lista, foi feita a seleção
para a coletânea de contos lançada na Bienal de Pernambuco. Segundo Pedro, o
livro foi um sucesso no prédio onde morava.
De acordo com Pedrinho, o site tem data pra acabar. “Mas vai ser
surpresa. Assim como o início. Assim como uma foto começa e encerra em si
mesma, assim como acredito que os textos devam ser”, diz. O publicitário fala,
ainda, que a Loja não é o projeto ao que ele mais se dedica, ao contrário do
que muita gente pensa. Ele trabalha em uma consultoria de comunicação para
marcas e o trabalho não para. “Ainda bem!”, completa. Além da consultoria e da
Loja, Pedrinho diz estar envolvido com outros projetos especiais e autorais com
parceiros que admira muito: a Companhia da Foto e a Contente. “Daqui a pouco
estarão nas ruas e a gente volta a falar sobre eles.”
O escritor fala, diante de muita humildade, que é
muita generosidade afirmar que a Loja de Histórias é um sucesso. Na opinião dele,
é tudo parte de um projeto autoral e literário, que agrada a uns poucos e
gentis amigos aos quais ele procura responder à altura. Site: http://www.lojadehistorias.com/
Fanpage: http://www.facebook.com/lojadehistorias
por Victor Ramalho
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