• Maria, Marias


    Um dos poucos times cearenses que praticam rúgbi, o Dona Maria mostra que, além de feminino, coleciona histórias, desafios e conquistas  

     “Dona Maria é a típica mulher guerreira, senhora de experiência, mesmo sendo nova, pela vida dura que leva/ Ela é bruta como um homem, mas sabe ser feminina / Poucas são as pessoas que conhecem (ou que reconhecem) as donas Maria que nós temos (...)”

    Antes do jogo, o grito de guerra já traduz
    a união do time | Foto: Mikaela Brasil
    É assim que as pessoas são apresentadas ao time Dona Maria Rugby. Texto colocado na Fanpage do grupo - e escrito pelas atletas -, a descrição é uma justa homenagem à mulher nordestina, que hoje encontrou, em um esporte de origem europeia, mais uma maneira de expressar sua força.

    Surgido na Inglaterra do século XIX, o rúgbi ainda não é muito comum no Brasil, mas o esporte vem ganhando destaque no Ceará, especialmente entre as mulheres. São quatro times femininos (Dona Maria, Leoas Rugby, Sertões Rugby - feminino e Centuriões Rugby - feminino) contra apenas três masculinos (Asa Branca, Centuriões Rugby - masculino e Sertões Rugby - masculino) . Um deles é o Dona Maria, criado em 10 de março de 2012, originado do masculino, Asa Branca.

    Helenir, Lucíola, Juliana, Susana, Claudiana, Janaina, Gabrielle, Suyanne, Natasha, Thaís, Lucihana, Thaís, Sirelle, Caroline, Debora, Suelly, Minick, Mari, Dina, Damile, Stephanie, Stela, Belisa e Nic. Nenhuma delas carrega Maria no nome, mas possuem a força que o “Dona Maria” irradia.

    O nome da equipe é uma homenagem às típicas mulheres brasileiras, que lutam para conquistar suas metas. “A gente quis colocar como se fosse a típica mulher guerreira. Dona Maria tem em todo canto, então, no Ceará, tem várias ‘donas Marias’”, explica a jogadora e estudante de Educação Física, Claudiana Nobre, que está na Seleção Brasileira de Rúgbi.

    União do time

    O Dona Maria, composto de 24 jogadoras, pratica a modalidade Sevens – a mesma que vai entrar nas Olimpíadas de 2016 - que utiliza apenas sete pessoas. O objetivo do jogo é levar a bola, apenas com as mãos, até a área do gol. Mas os jogadores só podem passar a bola para o outro atrás dele, o que faz o time precisar ser bastante unido.

    A força feminina ganha espaço no esporte cearense
    | Foto: Taís de Andrdade
    “No futebol, por exemplo, você consegue ir sozinho e fazer um show. No rúgbi não dá, porque seu time corre todo junto, só pode passar a bola pra trás, então se você não tiver com o time todo correndo junto, não consegue fazer nada”, afirma Thaís Lopes, estudante de Psicologia e jogadora do Dona Maria. Além do espírito de equipe fortalecido, o esporte também muda a concepção da fragilidade feminina: protetores para dentes, colete, capacete e chuteiras fazem parte do dia-a-dia das atletas.

    A modalidade tem um aspecto um pouco violento para quem assiste, mas, de acordo com Thaís Lopes, tudo é uma questão de treinamento. “No começo, eu chegava toda roxa em casa, mas depois você vai aprendendo a cair, aprendendo a derrubar, eu não me machuco mais”, explica. Essa percepção da violência em relação ao rúgbi impede que sejam formadas turmas mais novas, já que os pais temem que os filhos possam se machucar durante os treinos. A maioria das turmas possuem atletas somente com cerca de 20 anos.

    Investimento no esporte

    Agressivo ou não, o rúgbi prova que veio para ficar. O técnico do Desporto da UFC, Clovandi Sousa, afirma que a Universidade receberá investimento para ter seu próprio campo de rúgbi. “Eu fiquei muito feliz, porque a nossa ideia era só praticar o rúgbi. De repente, você é contemplado com um centro de excelência. É um aporte financeiro gigantesco. Aqui vai ser um estádio pra receber jogos, um local apropriado pra treinamento”, diz o técnico.

    Janaina Sales Holanda, professora substituta do curso de Engenharia de Pesca da UFC e jogadora do Dona Maria, é contagiada pela empolgação com o investimento. “A gente está na maior expectativa que esse projeto venha a se realizar, já está em processo de andamento. A gente conta com a UFC como um grande apoio pro nosso time”,

    A universidade tem uma equipe na modalidade sevens. O centro de excelência em rúgbi terá ainda alojamentos, vestiários e salas de fisiologia, recebendo os atletas de todo Nordeste para fazer estágios. Com o investimento chegando, juntamente com as Olimpíadas, o rúgbi conquista novos talentos, e, quem sabe, mais Donas Marias.





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