Ana Luiza se apaixonou pelo boxe chinês e quer cada vez mais crescer no esporte
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Ana Luiza pratica boxe chinês há 6 meses (FOTO: Criselides Lima) |
Ana Luiza não era sedentária, já fazia musculação na academia, no colégio jogava futebol, mas a relação com o boxe é completamente diferente. No aspecto físico ela diz que, praticando boxe chinês, tudo melhorou, adquiriu resistência, aprendeu a trabalhar melhor a respiração e o equilíbrio. Ana Luiza considera o boxe chinês um estilo de vida, hoje é uma coisa que não consegue mais largar.
O treino acontece religiosamente três vezes por semana, segunda, quarta e sexta, no turno da noite. Ela diz que esporte é sempre necessário na rotina de qualquer um, diz que por pelo menos duas horas por dia, as pessoas deveriam praticar exercícios. Pois além de ser uma questão de saúde, “é uma coisa que a gente relaxa, é pra esvaziar nossa mente, botar tudo ali naquela hora”. A estudante também nos define, com empolgação, sua vida depois do boxe chinês, “É uma coisa assim pra mim extraordinária”.
Ao compará-la com as demais alunas, que, em sua maioria, segundo apuramos, praticam boxe, principalmente por um fator estético, Ana Luiza diz que é diferente: “Eu acho que eu gosto além do que estar aqui só para perder peso ou uma necessidade básica de saúde”. Ela julga que perder peso é mera consequência, visto que “não existe exercício físico que a gente não perca peso”. Seu objetivo foi além, foi conhecer a arte marcial, principalmente o boxe, conhecer a história das artes marciais.
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Ana Luíza treina com o sifu Evandro Rodrigues (FOTO: Saulo Lucas) |
A vontade de competir também influencia no amor pela luta marcial. Ana Luíza pratica boxe chinês há apenas seis meses, mas já vai participar de competições. Ela vai estrear no Campeonato Cearense de Boxe Chinês, que acontece no dia 21 de Junho deste ano, e acredita que tem boas chances de ganhar. “Espero que tudo dê certo”, diz ela com um sorriso tímido no rosto.
A disputa por um campeonato, segundo ela, testa o potencial e a resistência, a vontade de estar no tatame e se mostrar melhor, de ganhar o prêmio, de alcançar um objetivo. É isso o que motiva Ana Luiza a focar o treinamento. “Eu amo o esporte, apesar do pouco tempo que pratico, é muita vontade, é muita paixão.”. Ela avisa também que se não ganhar nem pensa em desistir. Não foi da primeira vez, é treinar cada vez mais para conseguir a vitória.
Os desafios para o campeonato
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Com um treinamento diferenciado, Ana Luíza se prepara para o campeonato (FOTO: Saulo Lucas) |
A partir da sua estreia no campeonato estadual, independentemente do resultado, Ana Luiza quer competir ainda mais. “Do estadual, se der certo, quero cada vez mais crescer. Em qualquer coisa na nossa vida a gente sempre está querendo crescer e o esporte não foge disso, a gente sempre quer mais e mais”. Para isso, conta com o apoio da família e do professor, ou sifu, que significa “pai da arte”, Evandro Rodrigues.
Mas nem sempre contou com o apoio familiar. No começo, foi difícil conseguir com que os familiares entendessem seu amor pelo boxe chinês. “Porque é uma mulher fazendo boxe chinês, sempre tem aquele preconceito”. Infelizmente, o preconceito é também um item que as lutadoras precisam enfrentar. “Quando eu falei para minha mãe, para minha família, pediram para eu fazer outra coisa, fazer dança", lembra.
A boa notícia é que isso sempre pode mudar desde que exista disposição para conhecer melhor o que é o esporte. Ana Luiza diz que cada vez é mais fácil encontrar mulheres praticando uma arte marcial e que a tendência das pessoas, que antes não gostavam, é mudar isso. E quanto à família, “agora está tranquilo, venho para a academia, malho, está super tranquilo para eles”, diz.
Quando perguntamos do apoio do professor, ela abre um sorriso e diz que ele é maravilhoso. O sifu Evandro Rodrigues também é só elogios para sua aluna. Ele define Ana Luiza como disciplinada e determinada e que, apesar de ser sua primeira competição, ela tem boas chances de um resultado positivo. Evandro diz que as mulheres se destacam pela dinâmica de luta, são focadas e seu público está dominando as academias: “nós temos aí em nosso Ceará, várias meninas que já conquistaram campeonatos nacionais e internacionais”.
Porém, no meio de todo esse incentivo ainda há um fator fundamental: a falta de patrocínio. Ana Luiza, como outras competidoras, espera que o Campeonato Cearense de Boxe Chinês dê visibilidade e abra as portas para possíveis incentivos. A arte marcial que “está na moda” e que é mais fácil conseguir incentivos financeiros, de acordo com ela, é o Muaythai. Por enquanto, todo o investimento no seu futuro no boxe chinês é feito por ela mesma. Ana Luiza espera que a modalidade também ganhe mais adeptos e, com isso, o reconhecimento dos patrocinadores que ele merece.
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O sifu, Evandro Rodrigues, prepara Kalina Morais e Ana Luíza para o campeonato (FOTO: Criselides Lima) |
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Ana Luíza combateu o preconceito da família com relação ao boxe chinês (FOTO: Criselides Lima) |
(Captação de imagem e edição: Saulo Lucas)
Criselides Lima
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