Quem conhece o Ceará sabe que as comidas típicas do estado não são muito leves. Carne do sol, baião de dois, buchada, galinha à cabidela e panelada são só alguns dos pratos que fazem um nordestino encher a boca. Mas o que muitos desconhecem é que 14% dos fortalezenses são vegetarianos. De acordo com a pesquisa do Ibope “Cidades Brasileiras com mais Vegetarianos”, divulgada em outubro de 2012, cerca de 8% da população brasileira já é adepta dessa prática. Fortaleza levou o titulo de maior população vegetariana em relação ao total demográfico. Apesar dos números, a quantidade de restaurantes específicos é muito pequena, e esse público acaba tendo que se virar na cozinha de casa.
Maitre Mônica Denstone trabalha com alimentação vegetariana há mais de 30 anos. Juntamente com o marido, fundou o primeiro templo Hare Krishna de Fortaleza. Na década de 80, vendo a falta de opções, abriram um restaurante vegetariano na cidade. Segundo ela, tudo era muito rústico e, hoje, ela percebe que as pessoas estão bem mais habituadas a esse tipo de alimentação. “Isso já um grande avanço que a gente gosta muito de presenciar”, declara.
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Restaurante Mandir | Foto: Nila Gouveia |
O Mandir, restaurante de Maitre, fica em uma pequena rua do bairro Benfica e funciona há cinco anos. O local é simples, mas a comida agrada muita gente, até os que não são adeptos, aqueles que não têm uma dieta especial. “O meu público, ele não é 100% vegetariano, se tiver 10% é muito. São carnívoros mesmo, comem aqui, comem na esquina, comem em qualquer lugar, mas eles gostam de vir aqui porque a gente apresenta uma culinária vegetariana de altíssima qualidade”.
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Interior do restaurante simples e aconchegante agrada o público | Foto: Nila Gouveia |
Na cozinha, nenhum alimento é provado antes, pelo fato de ser oferecido a Krishna. “Depois que eu ofereço, é que eu vou ver se está bom de sal e, geralmente, está tudo perfeito”. Segundo Maitre, o Mandir “quebra aquele tabu de que vegetariano come comida sem gosto, só come alface, só come soja e não se alimenta bem. Com uma variedade de grãos, quem come aqui não sente falta da carne, não fica pesado”.
Assim também pensa o professor Hermanos Campos, da Universidade Federal do Ceará, que ministra a cadeira de cozinha alternativa, que tem como umas das perspectivas o vegetarianismo: “Aqui, no Nordeste, a gente tem o feijão, o arroz, que já têm a carga de proteína boa, já tem as frutas, a banana, o caju; a farinha pra pirão e farofa ou a goma para a tapioca. Tudo isso é alimentação vegetariana. Você não precisa fazer uma goma de tapioca com queijo ou com manteiga, pode fazer com legumes ou recheios diversos e, ao invés de manteiga, usar óleo ou azeite. Depende do que a pessoa vegetariana vai buscar para sua qualidade de alimentação.”
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O prato de almoço no restaurante pode ser consumido por R$ 12,00 | Foto: Nila Gouveia |
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