• O mercado do quase luxo




    Marcas importadas já possuem concorrentes à altura. As réplicas chegaram aos consumidores como uma alternativa para obter produtos semi-luxuosos

                   

    Louis VuittonVictor HugoChanelHemés. Muitas são as grifes de luxo que seduzem as consumidoras brasileiras. Contudo, poucas são as que dispõem de capital para ter acesso às peças carregadas de glamour e status. Para as demais "mortais", resta se contentar com cópias que prometem trazer o mesmo status das originais, a preços mais baixos, com boa qualidade e durabilidade. 

    O mercado das réplicas é algo que já se tornou comum na sociedade consumista dos tempos atuais. Algumas pessoas não sabem muito bem do que se trata, mas já ouviram falar por algum amigo, parente ou colega de trabalho por exemplo. Esse tipo de produto foi inserido no mercado com a finalidade de satisfazer aos consumidores, que de certa forma valorizam marcas importadas, mas que por falta de acesso ao produto no mercado ou financeira, acabam por aderirem às réplicas como opção para saciar o seu desejo.

    Não se tratam de falsificações grosseiras, mas de cópias bem acabadas. A boa qualidade no quesito acabamento e materiais usados em sua fabricação é que fazem a diferença. O preço padrão é entre 150 a 200 reais, não tão acessível, se comparado aos preços dos "coreanos" que, em média, vendem seus produtos, também cópias, porém de baixa qualidade, pela bagatela de 80 reais.


                                                       Bolsas réplicas em meio a bolsas comuns expostas
                                                                                         em  loja no centro da cidade.



    A produtora cultural Luciana Santos, 28 anos, prefere as réplicas justamente pelo motivo de as falsificações "baratas" não preencherem o seu grau de exigência no quesito qualidade e apresentação do produto.


    Sempre que vai em busca de um produto novo, seja ele réplica ou não, tem o cuidado de verificar tudo: bolsos, forro, rebites, zíperes, costuras,etc. Para ela, a qualidade está em primeiro lugar. Falsificações descosturam fácil, são feitas de materiais com pouca resistência. Por não conseguir, no momento, ter a sua original Louis Vitton, ela opta por aderir às réplicas que permitem usar algo fashion sem ter que desembolsar muito e ainda possuem uma qualidade respeitável. Os embargos para a compra dos originais se dão pelas taxas altas de importação, as quais vêm juntamente com a bolsa e o valor agregado devido ao "status" que essas peças proporcionam, acabando por tornar o preço final do produto proibitivo.



    A marca preferida de Luciana é como o "produto dos sonhos", pois, segundo ela, só será possível ter algo assim em um futuro incerto, quando for viajar para algum país do exterior.


    As grifes importadas originais que, porventura são comercializadas em Fortaleza, são difíceis de achar, e quando se tem a felicidade de encontrar depois de uma grande busca, geralmente estão disponíveis a preços exorbitantes. Luciana assume que já comprou produtos falsificados, mas já faz a compra ciente de que não vão ter vida útil superior a três meses. Costuma usá-los no dia-a-dia, como para ir à faculdade e ao Centro, lugares onde o requinte da qualidade não é algo muito importante.

                   
     
            Réplica de bolsa da grife Victor Hugo

    Em relação ao preço máximo que pagaria por uma réplica, a produtora cultural não impõe limites. Diz que dependendo de qual seja o artefato, se gostar muito, não vai hesitar em pagar caro, mas deixando claro que tem que estar dentro de seus padrões financeiros. Ela conta que valoriza as marcas, porém mesmo o produto sendo "de grife", se não estiver com uma boa impressão visual, garante que não compra. Ela cita o exemplo de uma blusa da marca Calvin Klein, a qual estava em promoção por 35 reais, porém não adquiriu, pois não lhe satisfazia esteticamente.



    Quando pergunto se ela se incomoda que alguém saiba que sua bolsa,, por exemplo, não é original, Luciana declara: "Na verdade não, porque, para mim, o que interessa é eu gostar e pronto. Se as outras pessoas vão saber que é réplica ou vão achar original, o problema é delas. Quem paga sou eu, então, ninguém tem nada a ver com isso, entende? Eu não compro réplica pra exibir como original, compro porque não acho original aqui e, quando acho, é aquele valor absurdo."



    Dessa maneira, as réplicas permeiam o ambiente "fashion" como um modo alternativo de luxo. Um luxo ao alcance das mãos, que consegue desempenhar o seu papel de satisfazer temporariamente, os amantes das marcas que buscam ainda meios de obter a sua tão desejada "original".




     

                                            










    Yrna Castro


     

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