Na rotina diária do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS), é comum encontrar mães como acompanhantes das crianças internadas. No entanto, há situações em que os pais é que fazem esse acompanhamento. É o caso de José Ricardo Costa, pai de José Ricardo Costa Filho. Há mais de um mês, ele vai todas as manhãs ao hospital ficar junto do filho, de 11 anos, que foi internado após sentir uma forte dor no peito, enquanto jogava bola. “Se ele não tivesse tido essa dor, ele teria morrido lá em casa, porque ele não tava demonstrando nada. Só soube que era forte porque ele caiu na cama quando sentiu”, conta José Ricardo.
Moradores da cidade de Fortaleza, antes de chegarem ao HIAS, ambos passaram por uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), onde foi feito um raio-x do tórax de José Ricardo Filho. O exame mostrou uma massa nos pulmões do garoto, o que preocupou os médicos. Era necessária uma maior investigação para saber do que se tratava, o que explica o tempo demorado de internamento.
Há um mês, José Ricardo Costa acompanha o filho no Hias. | Foto: Gleyce Any Castro |
Pai de mais quatro filhos, José
Ricardo confessa: "A rotina foi um pouco cruel, a gente tem filho em casa".
O menino internado é o caçula da família. Os outros filhos ou trabalham fora ou
estudam e, por isso, a casa fica fechada a maior parte do tempo. Além dessa
preocupação, ele teve que abrir mão também da rotina do trabalho em uma padaria
para adaptar-se ao ambiente hospitalar. O chefe foi bastante compreensivo,
considerando a declaração de acompanhante que ele levou e justificando, assim,
as faltas. A esposa de José Ricardo também trabalha fora. Eles combinaram o
seguinte: durante as manhãs, José Ricardo Filho seria acompanhado pelo pai e,
durante as noites, pela mãe.
Um estranho
Ser pai acompanhante em hospital não é fácil. Dos 267 leitos que o HIAS possui, pelo menos 200 têm mulheres como acompanhantes. Apesar de ser raro encontrar homens no pé dos leitos dos filhos, José Ricardo aceitou o desafio de imediato. "Tem mais mulher... O cara fica meio acanhado, mas tem que levar, né. Vai dar certo", conta, confiante.
Toda criança internada em hospital tem direito a acompanhante, seja esse pai, mãe ou responsável. Há hospitais que estranham o acompanhamento masculino, principalmente porque há muitas mulheres no ambiente que se sentem desconfortáveis com a situação. "Tem que saber lidar com o preconceito", diz José Ricardo.
Apesar da rotina ser pesada, José Ricardo conta que o atendimento médico bem feito ajuda muito a renovar as esperanças. E, quanto a isso, ele não tem o que reclamar. José Ricardo Filho foi bem recepcionado durante o mês que ficou internado e fez uma cirurgia para a retirada da massa no pulmão. Para a alegria do pai-herói, o garoto estava perto de voltar para casa, sã e salvo.
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