Elis Regina já cantava: “mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca, Maria,Maria, mistura a dor e a alegria...”. As palavras de Elis são a tradução perfeita para toda a força da jogadora de um time de rúgbi, coincidentemente chamado “Dona Maria”.
Claudiana
Nobre, 21, sequer tinha ouvido falar em rúgbi quando foi convidada
pelo técnico esportivo da Universidade Federal do Ceará (UFC),
Clovandi Costa, para praticar o esporte. “Eu estava treinando
aqui na pista de atletismo e o professor Clovandi me convidou pra
treinar rúgbi. Rúgbi? O que é isso? Não sabia nem escrever o
nome”, afirma.
A paixão
pela modalidade, porém, não demorou a surgir. Na primeira vez que
assistiu ao treino, Claudiana percebeu logo que tinha uma grande
identificação com a prática, já que, para ela, o rúgbi é “um
esporte democrático. Todos se encaixam nessa modalidade, independente
de altura, peso, etc” .
Integrante do time Dona Maria Rugby , ela concilia os treinos com a prática do atletismo, além de ser aluna do curso de Educação Física e ensinar em uma academia. No time, Claudiana joga como ponta, ou seja, ela é a jogadora responsável por fazer os pontos - o try, no rúgbi.
Integrante do time Dona Maria Rugby , ela concilia os treinos com a prática do atletismo, além de ser aluna do curso de Educação Física e ensinar em uma academia. No time, Claudiana joga como ponta, ou seja, ela é a jogadora responsável por fazer os pontos - o try, no rúgbi.
Seleção
Brasileira
A confirnação
de que havia iniciado o esporte certo veio em 2012, quando foi
escolhida para treinar na Seleção Brasileira de Rúgbi. “Eu fiz a
seletiva em março do ano passado, me chamaram pra treinar em julho e
agora eu vou ter que fazer de novo. Vai ser em abril, em São José
dos Campos”, explica a jogadora, declarando os futuros planos para
o esporte.
Mas entre
tantas vitórias, Claudiana Nobre afirma que o rúgbi ainda tem
muitas dificuldades a enfrentar. O principal problema é a falta de
divulgação do esporte. “A gente vê passando (na TV) o futebol, o
atletismo, mas o rúgbi raramente passa. Se tivesse mais divulgação,
traria mais pessoas para jogar e aumentaria o nível do esporte no
Brasil e no Ceará”, pontua.
As
equipes femininas sofrem ainda mais. Normalmente, todos os créditos
ficam com os times de esporte masculino, embora as mulheres tenham
conquistado cada vez mais espaço nesse meio. “Na verdade, no
Brasil, o (rúgbi) feminino é melhor do que o masculino, mas o
masculino é igual futebol, é ‘o masculino’, o feminino tem
menos valor”.
Nascida
em Iracema, no interior do Ceará, Claudiana Nobre carrega a mesma
coragem e agilidade que a musa de José de Alencar. Para o técnico
Clovandi Costa, ela tem o perfil ideal para a prática do rúgbi e um
futuro promissor no esporte. “A nossa característica principal
é o porte atlético menor e a velocidade. Ela ainda é melhor,
porque ela é forte, tem um passe mais rápido. Ela é do atletismo e
se encantou com o rúgbi”, explica o técnico.
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Uma atleta completa, Claudiana demonstra intimidade com a bola | Foto: Taís de Andrade |
E pode-se dizer que o rúgbi também se encantou por Claudiana. Com todos os desafios de fazer parte do time feminino de um esporte pouco valorizado no Ceará e no Brasil, ela persiste, com a força que só uma jogadora pode ter. “Porque no rúgbi tem que ser guerreiro pra ficar”, resume a atleta.
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