As luzes se apagam. De repente, uma imensa tela branca e retangular ilumina-se à sua frente. Nesse momento, você pega a pipoca ou abraça o namorado e endireita-se na poltrona. É hora de desligar-se do mundo externo para vivenciar a magia de conhecer a história de personalidades famosas ou de pessoas completamente desconhecidas, tenham elas realmente existido ou não.
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Interior do Cine São Luiz. | Foto: Juliana Braga
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Pedro tem um carinho especial pelo Cine São Luiz, principal cinema de Fortaleza durante a década de 1960, onde viveu memoráveis experiências na adolescência.
As escadarias de mármore com corrimões banhados a ouro fazem parte da decoração do Cine. | Foto: Juliana Braga |
Fraude de carteirinha
Em relação aos filmes, o professor diz que os horários de exibição dependiam da censura das películas. De acordo com ele, havia uma galeria que unia o Cine São Luiz ao Cine São Diogo, e nela ficavam expostos os cartazes com os horários das sessões e a censura de cada filme. “Aqueles que eram exibidos mais tarde eram os mais impróprios”, explica.
A censura, porém, não impediu que o engenheiro, aos 16 anos de idade, assistisse ao filme “O Exorcista”, lançado em 1973 e não recomendado para menores de 18 anos. Para isso, a solução encontrada por ele foi falsificar a própria carteira de estudante, do mesmo modo que os amigos fizeram. Pedro lembra que o bilheteiro do cinema notou logo a fraude, mas o deixou passar. O professor, contudo, afirma que o “risco” não valeu a pena. “Fiquei duas noites sem dormir por causa do filme”, conta.
Para além dos filmes
O engenheiro Pedro Urbano teve o cinema como palco de suas experiências juvenis | Foto: Juliana Braga |
Além disso, Pedro conta que, muitas vezes, também ia ao cinema só para namorar. Devido ao charme e à suntuosidade do grande hall de entrada do Cine, o professor disse que era comum entre os jovens da época o costume de tirar fotos nas escadarias com a namorada. Entre risos, Pedro apenas encerra o assunto confessando que, dentro da sala de projeção, “às vezes, o filme não interessava muito, não”.
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